domingo, 28 de abril de 2013

Madrugada


Lenine embala a minha madrugada. Sabe, eu sempre gostei destas 'não noite, nem dia' que aguardam tornar-se dia e esquecer-se da noite. Nas madrugadas residem os melhores sonhos, os melhores pensamentos e as melhores reflexões. E é este silêncio que minha alma implora. Ver o silêncio das ruas, sendo possível ouvir claramente o cair da chuva mesmo ela estando há quilômetros de cair.
Ouvir o barulho de alguns bichos de vida noturna, a inquietação dos vôos que trazem quem chega e leva além quem vai o aeroporto... Talvez, apurando bem os ouvidos dá sim para ouvir o arrebentar do mar em toda a sua quietude e plenitude. Sei que sou um ser 'madrugueiro'(amante da madrugada), o qual adora ver o orvalho que coroa as manhãs antes do espetáculo do sol nascer...
Um brinde a tal quietude!

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Caio Fernando Abreu - Pela noite


”Se o outro for bom para você? 
Se te der vontade de viver. 
Se o cheiro do suor do outro também for bom. 
Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? 
Quando você chega no mais íntimo, No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido.[…] 
O que é que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que amor não começa quando nojo, higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas, desculpe, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, se não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você até pode gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se amor for a coragem da própria merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também.”












Som seduction de quinta feira: Sade

E para estes dias de chuva: Cherish♥





Chuva na Janela e Outono na Bahia




Finalmente Outono. 
E esta estação representa bem mais que um cair de folhas, ou mudança de clima. Uma renovação. Uma seriedade toma conta das ruas de Salvador de uma forma apaixonante. As temperaturas que outrora chegavam a casa de seus 38°C, ficam em algo em torno dos 20-24°C, tornando o clima mais ameno e mais propenso ao aconchego que só o frio é capaz de trazer. Cá estou. Sobrevivendo a tantas quedas, a tantas mudanças.
Nunca imaginei as dificuldades e renuncias que fazem-nos adultos. Eu sempre pensei numa vida tranquila, bem estruturada aos 27 vejo-me obrigada a recomeçar tantas coisas. Agora, estou totalmente em contato com todos os meus sentimentos e fazendo um balanço do que realmente vale a pena e até onde posso ir...
Talvez este seja o meu outono. Precisarei derrubar algumas folhas em meu coração. Talvez cheguem chuvas para reflorestar este coração que anda tão inquieto com tantos fatos. Seja o que for, que seja uma renovação, um novo viver e despertar... E o que for verdadeiro perdure, o tempo que for necessário e torne-se aos meus olhos inesquecível e necessário...




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