Tudo começa bem.
Os começos são sempre bons por não sabermos ao certo o que será. E a
incerteza nos leva por caminhos desconhecidos, por bocas, corpos, corações...
Bastou um sorriso para tudo começar.
Bastou um beijo para tudo terminar.
E em meio a lágrimas, o que restou foi seguir em frente. Voltar a
loucura do desconhecido, do desbravar... Não foi muito bom, depois de 04 anos o
corpo da gente fica acostumado. Os ouvidos querem aquela voz. O nariz suplica
por aquele cheiro. E aos poucos a vida
foi perdendo um pouco de suas cores...
A ideia da perda em vida é a pior das perdas.
Quando alguém morre, você faz todo aquele ritual de despedida. Você
sabe que aquele corpo irá se despedaçar em algumas semanas e a pessoa deixa de
existir num sentido mais amplo.
Mas, e quando a pessoa decide 'morrer' em vida?
Quando o seu corpo desaparece, deixa de existir em nossa rotina?
É algo doloroso.
Passado o luto, vem o novo sentido. Sabe aquela canção que fala sobre
outro sentido do amor que se acabou?
Ela estava certa.
Na verdade não em utilizar a palavra amor. O amor não morre nunca!
Quando você ama alguém de fato, aquela pessoa vai sempre existir na sua vida de
alguma maneira.
O sentimento de paixão vai se desmanchando como um corpo que se rende
ao apodrecimento e aquela sensação de paz, de ter encontrado a pessoa, acaba
virando uma dúvida que embrulha o estômago e tira as nossas noites de sono.
Mas, após 05 anos pouco daquela intimidade perdurou.
A reaproximação me deu uma ideia de trégua e em tempos de pandemia e
risco de brevidade em nossas existências significou muito mais que uma simples
mensagem de um velho conhecido.
Me lembrou algo muito importante sobre os laços que criamos: o amor não
morre nunca, mesmo que a relação que o alimentava não exista, sobra o respeito, o carinho e o bem querer.
Afinal o amor é um grão, que quando morre vira trigo, renasce e vira
pão...
Morrendo ele vira semente fecunda que renasce e vira alimento para
nossa alma.