2010 estava no auge dos meus 24 anos.
Trabalhava, estudava e passava o dia inteiro fora de casa praticamente. Em 2010 também aconteceria algo que mudaria todo o percurso de minha vida.
Nesta época ainda trabalhava no bairro de Nazaré, gostava do meu trabalho, dos amigos que lá fiz e da minha rotina de 6 horas e 20 minutos diários de trabalho. Pois bem, numa destas vindas para casa, justo no dia que não teria inglês resolvi pegar um ônibus num local diferente. Na verdade, já andava um pouco estressada estava há quase 02 anos sem tirar férias e meu trabalho era até então estressante até demais. Nesta volta, acabei pegando um ônibus direto para o bairro onde residia e no meio do caminho acabaram assaltando o ônibus. Engraçado, estava dormindo, sem me preocupar, aquilo nunca havia acontecido comigo antes... Só lembro de ser acordada com uma arma apontada para meu rosto, perder o dinheiro que havia reservado do curso e da primeira mensalidade de minha segunda faculdade e meu celular. Celular este que não havia pago nem a primeira prestação! (ficou a lição: não compro mais nada a prazo!) O que restou daquela tarde foi bem mais que um prejuízo financeiro, fiquei traumatizada de tal forma que não conseguia nem sair de casa. Depois de algum tempo, houveram alguns outros assaltos o bastante para despertar crises de ansiedade e estresse que atrapalham minha vida até hoje. Desisti do intercâmbio que estava planejando, pedi licença do trabalho e me isolei em casa. Fiquei quase 02 anos reclusa e escondida do mundo por puro medo. Resolvi então sair daquele emprego, mudar de ares, mas mesmo assim não resolveu muita coisa. Ainda sinto muito medo de andar de ônibus em Salvador e mesmo em carros de passeio sinto medo também, fiquei num estado de hipervigilância de um jeito de dar dó...
Infelizmente, nada mudou desde que tudo aconteceu. A violência em nosso país continua em progressão geométrica e eu cá só observando. Com medo de viver, com medo de sair de casa!